23.9.09

ócio criativo

Nunca fui muito fã desse conceito de ócio criativo do Domenico di Masi, gosto mais da visão de gente como o Robert Kurz e os colegas dele do Krisis, do Manifesto Contra o Trabalho e tal. No meu caso, posso dizer que o meu trabalho me possibilita enxergar um pouco além dessa visão. É um luxo, claro, porque a maioria esmagadora das pessoas trabalha sob as surradas leis do mercado, que para essa mesma maioria é tão inevitável como a lei da gravidade.

Mas trabalhar com o que se gosta, com horários flexíveis e rodeado de amigos, também tem um efeito colateral: a gente quase sempre acaba ultrapassando os limites entre projetos e descanso, entre vida pessoal e vida profissional. Em São Paulo, onde todo mundo se mata tanto de trabalhar, isso é ainda mais inevitável. É engraçado falar sobre isso, porque justamente neste mês tomei uma decisão: me esforçar para separar as coisas, racionalizando na medida do possível o tempo entre os dois. Estou chegando mais cedo, saindo mais cedo e indo à academia três vezes por semana. Vou com a minha mulher, assim a gente já faz terapia juntos e curte esse tempo. Também tento não pensar mais em trabalho quando estou em casa (isso é meio difícil, mas a gente chega lá). Por enquanto, já surtiu efeito nos dois lados da balança: o tempo no trabalho rende mais e a cabeça fica mais tranquila depois.

Algumas coisas mudaram no trabalho também. A empresa cresceu e tomamos a decisão de instalar uma plataforma de gerenciamento de projetos. Esse troço realmente ajudou a gente a se organizar, definir prioridades e ter uma visão geral do tamanho da encrenca em que cada um tá metido. Essas duas coisas, me arrisco a dizer, fazem parte da mesma intenção: buscar formas de clarear nossa visão sobre nós mesmos e sobre quem está ao nosso redor e viver melhor.

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