double life

A tecnologia abre a possibilidade para novas vidas?
Você tem vidas diferentes?
É só um videogame?
Enfim, o que você acha dessa visão de mundo?

Não e sim.

Muitas não, algumas vidas.

Se você pegar cem moedas você ganha 1up.

É mais que um videogame, é um estilo de vida!

Nossa, faz tempo que eu não jogo Super Mario World.

Com fome, ou sede. Na praia, ou na cidade. Na neve, ou no deserto.

Vencendo, ou ganhando. Estilo de vida? Sub-zero wins, flawless victory.

Espera um pouco... Constrói uma base SAM. Compra um Auston Martin Vanquish.

Calma aí... Recarrega a Ak-47 porque na janela do lavabo esquerdo daquela igreja gótica tem um inimigo manco na espreita com três balas em sua Karabiner 98k cobrindo aquela esquina do café com Panzer Tigre destruído na frente. Um vício para mim – meia lua soco forte a dois passos do adversário e você dá um Fatality – desde pequeno quando meu pai ainda comprava cartuchos de Atari pra eu jogar. Grand Turismo, Counter Strike, Rome Total War – slow down, babe! – Red Alert: Command and Conquer, Mortal Kombat, Triple Play, Dead or Alive, Tomb Raider, Time Crisis, Half-Life, Grand Theft Auto, Golden Axe, Resident Evil.

- Tilt - Reset - Start -

Será que isso responde as perguntas? Eu perdi um pouco do interesse em viver essas outras vidas. Um dos motivos pelos quais eu perdi o interesse é porque a vida em si se tornou um desafio far more complex do que os jogos. A tentativa de se recriar o mundo na interface virtual, embora válida e prazerosa, começou a me irritar porque percebi (na época em que o Ensino Médio era chamado de Colegial) que tinha desperdiçado uma parte da minha vida em jogos. As ficções, os corpos e os mundos só eram completos e gratificantes porque existia um sentimento de I [We] can do it!

Minha caverna foi mudando aos poucos e eu percebi que meus socos, que um dia tentei dar no meu vizinho, não eram como os da Kitana. Infelizmente não existe um cheat code fácil e rápido para ganhar dinheiro extra sem ser pego pela Receita Federal. Ou será que existe?

(silêncio)

Anyway... Eu ainda volto para a minha caverna – reformada e com móveis contemporâneos – todos os dias. Porque é muito bom!

Masaomesmotempo,será?

Afinal de contas, o que seria do mundo sem a nossa opinião em 140 caracteres? O que seria das grandes comunidades sem nossa participação ativa? Porque nós podemos mudar o mundo, yes we can. Às vezes, eu queria resetar o meu Memory Card. Às vezes, eu gostaria que acontecesse um desastre magnético que inutilizasse todos os aparelhos eletrônicos do planeta, só pra saber se eu pensaria: “Nossa, terminei tudo o que tinha que fazer. Acho que vou ler um livro.”.

Velho, já tá tarde. Minha mãe tá me chamando pra por uma blusa e dizendo pra eu parar de balançar no playground.