double life

Acho que a tecnologia pode tornar a possibilidade de vidas paralelas mais próxima, fácil, possível e talvez até tentadora. Mas acho que, neste caso, ela não trouxe nada que inexistiria na sua ausência. Afinal, Clark Kent nunca precisou twittar para tirar os óculos e pãm! super-homem!!

Difícil saber se assumimos diferentes papéis ou temos outras vidas. Talvez a premissa para se ter um vida paralela seja estar em algum lugar – real, virtual, whatever – onde você se vê e é visto como alguém diferente do seu eu original (ou pelo menos o eu mais amplamente divulgado). Acho que a vida paralela é uma escolha de, em algum lugar, não ser o eu com o qual você lida todo dia.

Modo ego trip ON, acho que não vivo vidas diferentes. Mas é inevitável ser diferente em momentos e lugares e papéis e situações. Minha família é do interior de Minas, 98% dos meus 42 primos, 22 tios, pai, mãe e avó não têm a mais vaga idéia do que eu faço – “Você vai aparecer no comercial, minha filha???. Não vó, não vou. Eu só planejo. Ai coitadinha, um dia você vai ser promovida, você vai ver.” Por outro lado, não posso usar minha expressão mineirística favorita – “ o arreio virou pra barriga” aka “fudeu” - com 99,9% dos meus amigos das metrópoles. Mas encaro isso mais como uma localização do posicionamento do que toda uma nova proposta de valor =)

O videogame, o second life, os perfis falsos, os heterônimos novos ou antigos, podem ser uma deliciosa continuação da fantasia infantil de se imaginar outros, pode ser um excelente trabalho terapêutico de se autoolharasimesmo do olhar de um outro que também sou eu, pode ser a alegria de por algum tempo me sentir como alguém que é uma delícia ser, pode ser a coragem que me falta de dizer, fazer ou ser enquanto estou vestido de eu ou pode ser uma grande maluquice.

O que importa é que no guitarhero, eu sou uma rockstar.